Partido Comunista da Bélgica: Não à Guerra Imperialista na Ucrânia

Por Partido Comunista da Bélgica, via Solidnet, traduzido por Alessandro Lima

Não à guerra imperialista na Ucrânia

Pelo fortalecimento da luta de classes contra o capitalismo, pelo socialismo e pela paz!

O Partido Comunista da Bélgica se opõe à guerra interimperialista em curso na Ucrânia. Tal conflito é fruto das contradições entre as potências do bloco euroatlântico (EUA, OTAN, UE, Bélgica) e Rússia capitalista —, que se intensificaram desde a restauração do capitalismo na Rússia e a derrubada do socialismo na União Soviética. Os dois blocos buscam os mesmos interesses na Ucrânia: apropriação e controle do mercado nos setores metalúrgico e agrícola, matérias primas (petróleo, gás e metais), redes de transporte e distribuição, exploração da força de trabalho… tudo com a ajuda de setores da burguesia ucraniana. Até o início da década de 2010, os capitalistas ocidentais e russos compartilhavam alegremente aquele mercado. Porém, com o aguçamento das contradições, parte significativa da burguesia ucraniana desejava se vincular ao mercado europeu ocidental.

A guerra segue sob os ombros dos povos, sobretudo ucraniano e russo, e, portanto, não tem nenhuma relação com desmilitarização, desnazificação ou defesa nacional. Nossos governos burgueses e ocidentais responderam com intensa propaganda de guerra aos falsos pretextos que serviram como justificativa para a invasão da Ucrânia pela Rússia, que condenamos e seguiremos condenamos. Unidos contra a Rússia, cada um defende seus própiros interesses e monopólios de acordo com seu lugar e poder na pirâmide imperialista.

Ao contrário da crença popular, a Bélgica não está sujeita à OTAN, mas é seu membro fundador. Já houve, na sua história, dois secretários-gerais belgas e nosso país participa voluntariamente de ações militares conjuntas, a exemplo do voo do F-16 sobre os países bálticos, realizado de acordo com os interesses capitalistas. É assim que se entende a visita de Zelensky ao Parlamento Europeu a pedido de Charles Michel, um defensor dos interesses do capitalismo belga, que muitas vezes está em contradição com Von der Leyen, o representante do imperialismo alemão. É assim que devemos entender o fortalecimento dos laços entre a defesa e o setor industrial prometido pela Ministra da Defesa belga Ludivide Dedonder, social-democrata, quando a Bélgica anunciou uma nova ajuda à burguesia ucraniana de 90 milhões de euros em equipamentos, além dos primeiros 220 milhões e 37 milhões prometidos em novembro de 2022. No entanto, a Bélgica não tem esse armamento, mas busca relativa independência dos interesses dos imperialismos francês ou americano na pirâmide imperialista. Como a ministra social-democrata Dendonder apontou na sexta-feira, 9 de fevereiro de 2023, seu Ministério incentiva parcerias entre empresas privadas belgas e o Departamento de Defesa. Em junho, o monopólio belga John Cockerill divulgou seus produtos na feira de armas em Paris. Todos esses custos (quase 350 milhões de euros) serão repassados para nós por meio de novos ataques aos nossos direitos, à previdência social e aos nossos salários (por meio de cortes na previdência dos empregadores). É do interesse dos trabalhadores belgas se opor a essas entregas de armas.

A classe trabalhadora não tem nada a ganhar nesta guerra!

Nossa tarefa, na Bélgica, é lutar contra nosso próprio imperialismo, que intervém na Ucrânia, apoia a burguesia ucraniana com milhões em ajuda militar e saqueia e explora o povo ucraniano. Nossa tarefa é lutar contra os monopólios belgas (ou monopólios com envolvimento belga integrados aos monopólios franceses, europeus ou americanos): é preciso denunciar os monopólios de energia, como a Engie, que fizeram os preços dispararem e estão obtendo lucros absurdos;denunciar os monopólios no complexo militar e industrial, como John Cockerill, que estão se aproveitando da guerra para superar a crise capitalista, e ainda os bancos que investem em armamentos nucleares, como AB Inbev ou Solvay (para matérias-primas).
Para aqueles que defendem a multipolaridade contra a hegemonia dos EUA, respondemos “Luta pelo socialismo e pela paz”.

Na realidade, já estamos em um mundo multipolar e é uma ilusão acreditar que um status quo entre as potências capitalistas levará a um desenvolvimento harmonioso e pacífico. A corrida pelo lucro continuará e surgirão novas contradições que levarão a novas guerras. Na realidade, cada polo do mundo multipolar almeja a hegemonia. Essa é a própria natureza do capitalismo em seu estágio atual: o imperialismo.

Nem guerra entre povos, nem paz entre classes!

Nem uma arma, nem um centavo, nem um soldado para a guerra imperialista! Soldados belgas fora dos países bálticos!

Especuladores e colecionadores de guerras precisam pagar — Por uma energia acessível e cestas básicas às famílias. Contra o governo, contra os capitalistas, pela recuperação de todas as nossas conquistas e pela satisfação de nossas necessidades contemporâneas.

Compartilhe:

Deixe um comentário